quarta-feira, 1 de abril de 2020

Heráclito e Parmênides


Heráclito

A filosofia grega antiga corresponde a um longo período que começou por volta do século VI a.C. e se estendeu ate o século III d.C. Os primeiros filósofos foram chamados de pré-socráticos devido a uma classificação posterior da filosofia antiga que tinha como referência a figura de Sócrates.

Entre os pré-socráticos citados, muitos deles foram fundamentais para a historia da filosofia e ainda despertam o interesse de estudiosos e leigos, como Pitágoras e Demócrito. Com tudo, decidimos destacar Heráclito e Parmênides pela influencia que exerceram no pensamento posterior, claramente percebida por Platão e Aristóteles.

Heráclito nasceu em Éfeso, na Jônia, e procurou compreender a multiplicidade do real. Heráclito defendia a ideia de um mundo contínuo, um mundo em constante movimento, onde nada permanece idêntico a si mesmo, e sim transforma-se no seu oposto (negação, contradição). 

Ao contrário de seu contemporâneos – como Parmênides –, Heráclito não rejeitava as contradições e queria apreender a realidade na sua mudança, no seu devir. Todas as coisas mudam sem cessar, e o que temos diante de nós em dado momento é diferente do que foi há pouco e do que será depois: ¨Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio”, pois na segunda vez não somos os mesmos, e também as águas mudaram.   
     


Parmênides

Parmênides nasceu em Eleia, na Itália, por volta de 530 a. C e a sua filosofia define que o ser é único, imutável, infinito e imóvel, sempre idêntico a si mesmo. O filósofo também defende que a aparência sensível do mundo não existe. O que o filósofo quer dizer é que o nosso conhecimento sensitivo das coisas só nos dá uma ilusão do movimento, uma aparência, sendo que apenas o conhecimento intelectivo permite com se conceba a realidade como idêntica a si mesma.

Parmênides criticou a filosofia heraclitiana. Ao “tudo flui” de Heráclito, contrapôs a imobilidade do ser: é absurdo e impensável afirmar que uma coisa pode ser e não ser ao mesmo tempo. A contradição, opõe o princípio segundo o qual “o ser é” e “o não ser não é”. O ser, para Parmênides, é único, imutável, infinito e imóvel.

Não hà como negar, entretanto, a existência do movimento no mundo, pois as coisas nascem e morrem, mudam de lugar e se expõem em infinita multiplicidade. Para Parmênides, porém, o movimento existe apenas no mundo sensível, e a percepção pelos sentidos é ilusória, porque se baseia na opinião e, por isso mesmo, não é confiável. Só o mundo inteligível é verdadeiro. 



Fonte: Filosofando. Introdução à Filosofia.


domingo, 3 de junho de 2018

DEMOCRACIA

COMO PODEMOS ENTENDER A CHARGE EM QUE A DEMOCRACIA É O TEMA PRINCIPAL? VAMOS FAZER UMA REFLEXÃO OBSERVANDO AS ATITUDES DE MAFALDA.

domingo, 7 de maio de 2017

O que é política?




         Foi por meio do termo grego Politeía ou polis que quer dizer cidade-Estado é que derivou a palavra política. Portanto, política é a área da atividade humana que se refere à cidade, ao Estado, à administração pública e ao conjunto dos cidadãos pertencentes a uma sociedade. Complexa e abrangente a política pode conduz e estabelecer presença em varias situações de múltiplos caminhos.
         Para Aristóteles a ética é essencial na política, pois, é aplicada na vida publica. Em Ética a Nicômaco, obra de Aristóteles, o filosofo faz referencia ao bem comum e a melhor maneira que um cidadão possa viver em sociedade. Portanto, política no entendimento de Aristóteles é o que ela pode proporcionar de bom ao cidadão.  
Neste artigo vamos tratar a política como uma relação de poder, pois ambas tem uma proximidade tênue. Uma definição clara sobre poder consiste na capacidade e oportunidade de impor ao outro sua própria vontade. Quem se reveste do poder é poderoso. É aquele que manda, direciona, dar ordem, estabelece uma postura autoritária, subjuga e neutraliza a vontade a alheia. A autoridade é a marca de quem tem poder. 
Norberto Bobbio
Esse conceito moderno de política atrelada ao poder, foi defendida por um filosofo italiano chamado Norberto Bobbio (1909-2004). Bobbio: “o poder político diria respeito ao poder que um homem pode exercer sobre outros, a exemplo da relação entre governante e governados (povo, sociedade)”. A palavra poder vem do latim potere, posse. Refere-se fundamentalmente a faculdade, capacidade, força ou recurso para produzir certos efeitos.
Distribuído em duas categorias, o poder pode ser entendido como: o poder do ser humano sobre a natureza e o poder do ser humano sobre outros seres humanos. No âmbito da política a segunda categoria é essencial. Nessa mesma linha de pensamento podemos estabelecer que o poder supõe dois pólos: o de quem exerce o poder e o daquele sobre o qual o poder é exercido.
Contudo, ao falar em poder político, é preciso pensar em sua legitimação. Podemos ter poderes políticos legitimados por vários motivos, como pela tradição (poder de pai, paternalista), despótico (autoritário, exercido por um rei, uma ditadura) ou aquele que é dado pelo consenso, sendo este último um modelo de governo esperado. O poder exercido pelo governante em uma democracia, por exemplo, dá-se pelo consenso do povo, da sociedade. No caso brasileiro, o poder da presidente é garantido por que existe um consenso da sociedade que o autoriza e, além disso, há uma Constituição Federal que formaliza e dá garantias a esse consenso.
No entanto, há em alguns casos a ilegitimidade do poder político sobre uma nação, quando esta é atingida por meio de um golpe articulado por uma ala descontente ou desfavorecida.

Fonte: Fundamentos da Filosofia (pag. 343)
            Filosofando (pag. 221)
             Filosofia: experiência do pensamento (pag. 180)
             Ideia de política em Norderto Bobbio (Brasil Escola)

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Ideologia


      Criada pelo filosofo francês Destutt de Tracy (1754-1836), a palavra ideologia queria dizer originalmente "ciência das ideias", compreendendo o estudo de sua origem e desenvolimento.
      Hoje, o uso desse termo generalizou-se para referir-se ao conjunto das ideias que caracterizam determinado grupo social (politico, econômico, religioso etc.).

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A Morte de Sócrates


Quando Sócrates (470-399 a.C.) disse durante a sua morte "Eu sou a minha alma", ele já demonstrava saber que a alma é imortal.
Pelas ruas de Atenas, envolto num áspero manto, com pés descalços e cabeça descoberta, vagava Sócrates distribuindo sabedoria. Era um homem fisicamente feio, mas manso e dócil como um santo. Tinha a profissão de escultor que pouquíssimas vezes exerceu, pois preferia esculpir sábias palavras. Pouco se preocupava com as dificuldades financeiras de sua família. Cuidava dos negócios alheios e esquecia os seus.
Nas infrequentes visitas que fazia à casa de sua mulher Xantipa era recebido com tempestades de palavras ásperas que sabiamente ignorava. Sua maior ambição era ser benfeitor da humanidade. Sua bondade era tão grande quanto sua sabedoria. Desejava ver a justiça social ser exercida em todo o mundo. Em Atenas era odiado e amado. Os políticos detestavam encontrá-lo para não terem de responder perguntas embaraçosas. Para sua esposa Xantipa era um preguiçoso, mas para os jovens atenienses era um deus. Estes adoravam ir ao seu encontro para escutá-lo cheios de admiração.
Para transmitir saber ele costumava instigar o pensamento de seus interlocutores sem jamais responder diretamente suas perguntas. Sócrates sentia especial prazer em chamar a atenção para aqueles que pensavam uma coisa e diziam outra e também aqueles que diziam ser sábios quando na verdade não passavam de tolos ignorantes. Costumava chamar a si mesmo de "moscardo" (moscão). Tinha a habilidade de estimular as pessoas a pensar. Outro apelido que costumava dar a si mesmo era de "parteira intelectual", porque auxiliava as pessoas a dar nascimento às suas próprias ideias, incentivando o uso do próprio pensamento.
Com muita insistência afirmava que nada sabia. Dizia: "Sou o homem mais sábio de Atenas porque sei que nada sei". Toda a essência do ensinamento de Sócrates pode ser resumido nas seguintes palavras: "Conhece-te a ti mesmo". Ele tentava sempre aprender com todos e neste processo, ensinava a seus mestres.
Costumava dizer que o saber é uma virtude; que os homens cometem crimes porque são ignorantes, não conhecem outra coisa melhor. Diferentemente do filósofo Lao-tze, acreditava que o melhor remédio para o crime é a educação. O objetivo maior de sua vida era ensinar os outros. Infelizmente, dizia ele, nem todos queriam ser aducados.
Um dia, ao chegar ao mercado para seu costumeiro debate filosófico, deparou-se com um aviso colocado na tribuna pública que dizia: "Sócrates é criminoso. É ateu e corruptor da mocidade. A pena de seu crime é a morte". Foi preso e julgado pelos políticos cuja hipocrisia costumava denunciar nas praças públicas. Ao ser interpelado pelos juízes, recusou-se a defender-se dizendo que sua obrigação era sempre falar a verdade. Os juízes o consideraram culpado. Quando lhe perguntaram qual devia ser sua punição, ele sorriu sarcasticamente e disse:
- "Pelo que fiz por voz e pela vossa cidade, mereço ser sustentado até o fim de minha vida à expensas públicas".
Foi condenado à morte. Durante trinta dias foi mantido numa cela funerária. Mesmo diante da morte permaneceu calmo, discutindo tranquilamente o significado da vida e o mistério da morte.
Críton, o mais ardente dos seus discípulos, entrou furtivamente na cela e disse ao mestre:
- Foge depressa, Sócrates!
- Fugir por quê? Perguntou-lhe.
- Ora, não sabes que amanhã te vão matar?
- Matar-me? A mim? Ninguém me pode matar!
- Sim, amanhã terás de beber a mortal taça de cicuta - Insistiu Críton.
- Vamos, foge depressa para escapares à morte!
- Meu caro amigo Críton - respondeu-lhe
- Que mau filósofo és tu! Pensar que um pouco de veneno possa dar cabo de mim...
Depois puxando com os dedos a pele da mão, Sócrates perguntou:
- Críton, achas que isto aqui é Sócrates?
E, batendo com o punho no osso do crânio, acrescentou:
 - Achas que isto aqui é Sócrates?... Pois é isto que vão matar, este invólucro material, mas não a mim. EU SOU A MINHA ALMA. Ninguém pode matar Sócrates!...
E assim o mais sábio homem de todos os tempos foi obrigado acabar a vida como um criminoso. Ao beber o veneno, quando já sentia que seus membros esfriavam, despediu-se de todos com as mesmas palavras com que se dirigira aos juízes que o haviam julgado:
- "E agora chegamos à encruzilhada dos caminhos, meus amigos, ides para vossas vidas; eu, para a minha morte. Qual seja o melhor desses caminhos, só Deus sabe"...
Quando os homens julgam erradamente seu próximo, a história julgará os julgadores.


Fonte: webartigos.com/artigos/a-morte-de-socrates