quinta-feira, 12 de junho de 2014

Idade Moderna: A revalorização do ser humano e da natureza


Iniciemos nosso percurso neste assunto considerando alguns aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais relevantes desse período histórico que se convencionou chamar de Idade Moderna (que vai de meados do século XV ao século XVIII).
Eles nos ajudarão a compreender as mudanças na produção filosófica dessa fase. A partir do século XV, uma série de acontecimentos deflagrou diversos processos que levavam a grandes transformações das sociedades europeias. Entre eles, podemos destacar:
  * A passagem do feudalismo para o capitalismo, que se vinculou ao florescimento do comércio, ao estabelecimento das grandes rotas comerciais, ao predomínio do capital comercial e à emergência da burguesia;
   *  A formação dos Estados nacionais, que fez surgir novas concepções político-econômicas, como a discussão sobre as formas do poder político (ocorreu então a centralização do poder através da monarquia absoluta) e a questão comercial (desenvolveu-se nesse período o mercantilismo e o fortalecimento econômico de alguns Estados, levando ao impulso das grandes navegações marítimas, à descoberta do Novo Mundo e ao estabelecimento das colônias);
    * O movimento da Reforma, que provocou a quebra da unidade religiosa e rompeu com a concepção passiva do ser humano, entregue unicamente aos desígnios divinos, reconhecendo o trabalho humano como fonte da graça divina e origem legítima da riqueza e da felicidade. Também concebeu a razão humana como extensão do poder divino, o que colocava o indivíduo em condições de pensar livremente e responsabilizar-se por seus atos de forma mais autônomas;
     *  O desenvolvimento da ciência natural, que criou novos métodos científicos de investigação, impulsionados pela confiança na razão humana e pelo questionamento de sua submissão aos dogmas do cristianismo. A Igreja Católica, por sua vez, perdia nesse momento parte de seu poder de influência sobre os Estados e de dominação sobre o pensamento;
    *  A invenção da imprensa, que possibilitou a impressão dos textos clássicos gregos e romanos, contribuindo para a formação do humanismo. A divulgação de obras científicas, filosóficas e artísticas, que se tornaram a partir de então acessíveis a um numero maior de pessoas, propiciou maior grau de consciência e liberdade de expressão.
Rei da França Luis XIV
Todos esses acontecimentos modificaram, em muitas regiões, o modo de ser, viver e perceber a realidade de grande número de europeus. Nas artes, nas ciências e na filosofia surgiram novas ideias, concepções e valores.
Um exemplo importante dessas mudanças foi o desabrochar de uma tendência social antropocêntrica (que tem o ser humano como centro), de valorização da obra e compreensão humanas, em lugar da supervalorização da fé cristã e da visão teocêntrica (que tem Deus como centro) da realidade.
Isso levou ao desenvolvimento do racionalismo e de uma filosofia laica (não religiosa) que se mostrarão, de modo geral, otimistas em relação à capacidade da razão de intervir no mundo, organizar a sociedade e aperfeiçoar a vida humana.

Fonte: Fundamentos de filosofia

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