segunda-feira, 24 de março de 2014

Aristóteles

Aristóteles
Nascido em Estagira, na Macedônia, Aristóteles (384-322 a.C.) foi, ao lado de Platão, um dos mais expressivos filósofos gregos da Antiguidade. Em Atenas, frequentou a Academia de Platão, onde permaneceu vinte anos.
Após a morte de Platão, em 347 a.C. viajou por diversos lugares e foi preceptor do jovem de 13 anos, que se tornaria Alexandre, o Grande da Macedônia. Há informações que Aristóteles teria escrito mais de uma centena de obras, sobre os mais variados temas, das quais restam apenas 47, embora nem todas de autenticidade comprovada.
De volta a Atenas, fundou o Liceu, em 340 a.C., assim chamado por ser vizinho do templo de Apolo Licio. Seus discípulos do Liceu ficaram conhecidos como peripatéticos (os que passeiam) devido ao hábito do filósofo de ensinar ao ar livre, muitas vezes sob as árvores que cercavam a escola.
Segundo Aristóteles, a finalidade básica das ciências seria desvendar a constituição essencial dos seres, procurando defini-la em termos reais. Assim, para o filósofo, a ciência deveria partir da realidade sensorial – empírica – para buscar nela as estruturas essenciais de cada ser. Com isso, recusa a teoria das ideias de Platão e sua interpretação radical sobre a oposição entre mundo sensível e mundo inteligível.

A Metafísica

No conjunto de obras denominado Metafísica, Aristóteles buscou investigar o “ser enquanto ser”. Significa que buscou compreender o que tornava as coisas o que elas são. Nesse sentido, as características das coisas apenas nos mostram como as coisas estão, mas não definem ou determinam o que elas são. É preciso investigar as condições que fazem as coisas existirem, aquilo que determina “o que” elas são e aquilo que determina “como” são.
Sobre o conceito metafísica podemos dizer que é um termo grego e relacionaremos da seguinte forma: meta=além e física=matéria, ou seja, além da matéria.
Foi o que supôs Aristóteles. A substância é “aquilo que é em si mesmo”, o suporte dos atributos. Esses atributos podem ser essências ou acidentais.
·     A essência é o atributo que convém à substância de tal modo que, se lhe faltasse, a substância não seria o que é (interior).
·       O acidente é o atributo que a substância pode ter ou não, sem deixar de ser o que é (exterior).
Seguindo essa linha de raciocínio, Aristóteles concebeu a noção de que todas as coisas estariam constituídas de dois princípios inseparáveis.
·       Matéria é o princípio indeterminado dos seres, mas que é determinável pela forma.
·       Forma é o princípio determinado em si próprio, mas que é determinante em relação à matéria.
A forma é o princípio inteligível, a essência comum aos indivíduos da mesma espécie pela qual todos são o que são, enquanto a matéria é pura passividade e contém a forma em potência.
Agora é necessário recorrer aos conceitos de potência e ato, que explicam como dois seres diferentes podem entrar em relação, atuando um sobre o outro. Então:
·       O ato é a manifestação atual do ser aquilo que ele já é (por exemplo: a semente é, em ato, uma semente);
·       A potência são as possibilidades do ser (capacidade de ser), aquilo que ainda não é mas que pode vir a ser (por exemplo: a semente é, em potência a árvore).
Há, portanto, princípios intrínseco e extrínseco que levam os seres ao movimento, à passagem da potência ao ato. Esses princípios são o que o filósofo denominou causas.
Aristóteles distinguiu quatro tipos de causas fundamentais:
·    Material – refere-se a matéria de que é feita uma coisa. Exemplo: o mármore utilizado na confecção de uma estátua;
·       Formal – refere-se a forma, a natureza especifica, à configuração de uma coisa, tornando-a “um ser propriamente dito”. Exemplo: uma estátua (em forma) de homem e não de cavalo;
·    Eficiente – refere-se ao agente, aquele que produz diretamente a coisa, transformando a matéria tendo em vista uma forma. Exemplo: o escultor que fez a estátua (em forma) de homem;
·      Final – refere-se ao objetivo, à intenção, a finalidade ou à razão de ser de uma coisa. Exemplo: a intenção de exaltar a figura do soldado ateniense.

Deus: Primeiro Motor Imóvel

Aristóteles também refletiu sobre a questão da origem do mundo. Para ele, o mundo é eterno, isto é, nunca teve um principio e nunca terá um fim, tendo em vista que as próprias noções de principio e de fim contrariam sua concepção de movimento.
Se o movimento é a passagem da potência ao ato (em que varia a forma, mas se mantem a matéria), isso implica que há sempre um algo antes (do que se parte) e um algo depois (ao qual se chega). Desse modo, Aristóteles conclui que o mundo é um movimento eterno, sem começo nem fim.

Esse Primeiro Motor Imóvel (por não ser movido por nenhum outro) é também um puro ato (sem nenhuma potência). Segundo Aristóteles, Deus é Ato Puro, Ser Necessário, Causa Primeira de todo existente. No entanto, como Deus pode mover, sendo imóvel? Porque Deus não é o primeiro motor como causa eficiente, mas sim como causa final: Deus move por atração, ele tudo atrai, como “perfeição” que é. 

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