Grécia Antiga |
O
mesmo processo se deu no campo filosófico. As escolas platônicas (Academia) e
aristotélica (Liceu) – dirigidas, respectivamente, pelos discípulos dos dois
grandes mestres, Platão e Aristóteles – continuaram abertas e em plena
atividade, mas os valores gregos começaram a mesclar-se com as mais diversas
tradições culturais.
Epicurismo
O
epicurismo é uma escola filosófica fundada por Epicuro (341 - 271 a.C.), sendo
que defendia a busca do prazer moderado como de forma de se atingir um estado
de tranquilidade (ataraxia) e de libertação do medo, assim como a ausência de
sofrimento (aponia) – sofrimento este tanto corporal quanto psicológico – sendo
que é através do conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos
desejos que se constitui a felicidade na sua forma mais elevada.
No
entanto, Epicuro distinguia dois grandes grupos de prazeres. O primeiro reúne
os prazeres mais duradouros, que encantam o espirito, como a boa conversação, a
contemplação das artes, a audição da musica etc. O segundo inclui os prazeres
mais imediatos, muitos dos quais são movidos pela explosão das paixões e que,
ao final, podem resultar em dor e sofrimento.
De
acordo com o filósofo, para que possamos desfrutar os grandes prazeres do
intelecto, precisamos aprender a dominar os prazeres exagerados da paixão, como
os medos, os apegos, a cobiça, a inveja.
Estoicismo
Para
o estoicismo proposto por Zenão de Cício (335 - 264 a.C), a existência era
composta da matéria, que seria o princípio passivo, e do logos, o princípio
ativo, racional e inteligente; sendo que este último permeia, anima, conecta e
coordena todas as partes, sendo chamado de ‘Providência’, podendo ser
considerado como um arquétipo da divindade. O logos é imanente, permeando a
matéria e com ela se confundindo, não tendo um caráter transcendental, mas
sendo integrante íntimo e indissociável da matéria.
O
que chamamos de Deus, segundo esses pensadores, nada mais é do que a fonte dos
princípios racionais que regem a realidade. Integrado à natureza, não existe
para o ser humano nenhum outro lugar para ir ou fugir, além do próprio mundo em
que vivemos. Somos deste mundo e, ao morrer, nos dissolvemos neste mundo.
Os
estoicos também defendiam uma atitude de austeridade física e moral, baseada em
virtudes como a resistência ante o sofrimento, a coragem ante o perigo, a
indiferença ante as riquezas materiais.
Pirronismo
O
pirronismo, fundado a partir das ideias de Pirro de Élida (365-275 a.C.), foi
uma corrente filosófica que defendia a ideia de que tudo é incerto, nenhum
conhecimento é seguro, qualquer argumento pode ser contestado.
Por
isso, seus seguidores propunham que as pessoas adotassem a suspensão do juízo (apokhe,
em grego), isto é, abstração de fazer qualquer julgamento, já que a busca de
uma verdade plena é inútil. Desse modo, aceitando que das coisas se podem
conhecer apenas as aparências e desfrutando o imediato captado pelos sentidos,
as pessoas viveriam felizes e em paz.
O
primeiro constitui, portanto, uma forma de ceticismo,
pois professa a impossibilidade do conhecimento, da obtenção da verdade
absoluta.
Cinismo
Escola de pensamento fundada em Atenas,
segundo alguns autores, por Antístenes. Considerada uma das escolas socráticas,
juntamente com os megáricos e os cirenaicos, recebendo tal denominação
por constituir-se como uma determinada interpretação dos ensinamentos de
Sócrates, especialmente no que diz respeito à correlação entre conhecimento e
virtude.
Diógenes de Sinope |
Seu
nome deriva do ginásio de Cinosarges, onde Antístenes ensinava e no qual se
reuniam os seguidores desta escola. Outra explicação para sua denominação é a
palavra cão (em grego xýon), aceita
pelos cínicos como um qualificativo elogioso. O principal representante desta
escola é Diógenes de Sínope. O pensamento cínico manteve-se atuante até os
séculos III/II a.C., onde, segundo algumas opiniões, teria se fundido ao
estoicismo.
A
escola dos cínicos ressurgiu, após esta interrupção, ao final do primeiro
século de nossa era, sobrevivendo até o final do mundo antigo. Sua doutrina
continuou sendo propagada por alguns autores cristãos, como Salústio e Máximo
de Alexandria. As obras da antiga escola cínica, em especial de Diógenes, se
encontram perdidas. De Antístenes, que parece ter sustentado duras polêmicas
com Platão, restam-nos poucos fragmentos, que chegaram até nossos dias sob
forma de citação ou comentário (doxografia) através de diferentes escritos.
Sua
filosofia partia do princípio de que a felicidade não depende de nada externo à
própria pessoa, ou seja, coisas materiais, reconhecimento alheio e mesmo a
preocupação com a saúde, o sofrimento e a morte, nada disso pode trazer a
felicidade. Segundo os Cínicos, é justamente a libertação de todas essas coisas
que pode trazer a felicidade que, uma vez obtida, nunca mais poderia ser
perdida.
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