No
segundo período medieval, conhecido como Baixa Idade Média, ocorreram mudanças
fundamentais no campo da cultura já a partir do século XI, sobretudo em razão
do renascimento urbano. Ameaças de ruptura da unidade da Igreja e heresias
anunciavam o novo tempo de contestação e debates em que a razão buscava sua
autonomia.
Foi
assim, no ambiente cultural dessas escolas e das primeiras universidades do
século XI, que surgiu uma produção filosófico-teológica denominada escolástica (palavra derivada de
escola).
Escolástica
No período escolástico, a busca de
harmonização entre fé cristã e a razão manteve-se como problema básico de
especulação filosófica. Nesse contexto, a escolástica pode ser dividida em três
fases:
·
Primeira
fase
(do século XI ao fim do século XII) – confiança na perfeita harmonia entre fé e
razão;
·
Segunda
fase
(do século XIII ao principio do século XIV) – elaboração de grandes sistemas
filosóficos, merecendo destaque as obras de Tomás de Aquino. Nessa fase,
considera-se que a harmonização entre fé e razão pode ser parcialmente obtida;
·
Terceira
fase
(do século XIV até o século XVI) – decadência da escolástica, marcada por
disputas que realçam as diferenças entre fé e razão.
Além
de apresentar o traço fundamental da filosofia medieval, que é a referencia às
questões teológicas, a escolástica promoveu significativos avanços no estudo da
lógica.
Um
problema filosófico que gerou muitas disputas foi à discussão sobre a
existência ou não das ideias gerais, isto é, os chamados universais de Aristóteles. Tal discussão ficou conhecida como a
questão dos universais, ou seja, da relação entre as coisas e seus conceitos.
Na questão dos universais surgiram duas posições antagônicas: o realismo e o
nominalismo.
·
Realismo:
Os adeptos do realismo sustentavam a tese de que os universais existiam de
fato, ou seja, as ideias universais existiam por si mesmas. Assim, por exemplo,
a bondade e a beleza seriam modelos ou moldes a partir doa quais se criariam as
coisas boas e as coisas belas. Outro exemplo, o substantivo brancura teria uma perfeição maior do
que o adjetivo branco, que se refere
a um ente singular. Na mesma linha de raciocínio de Platão, o universal
brancura seria mais perfeito do que qualquer coisa branca existente.
·
Nominalismo:
os defensores do nominalismo sustentavam a tese de que os termos universais,
tais como beleza e bondade, não existiriam em si mesmos, pois seriam somente palavras, sem existência real. Para os
nominalistas, o que há são apenas os seres singulares, e o universal não passa,
portanto, de um nome, uma convenção.
Santo
Tomás de Aquino
A filosofia de Tomás de Aquino
(1226-1274) – o tomismo – parece ter nascido com objetivos claros: não
contrariar a fé. De fato, sua finalidade era organizar um conjunto de
argumentos para demonstrar e defender as revelações do cristianismo.
Santo tomás de Aquino |
Monge dominicano, Tomás de Aquino,
utilizou traduções de Aristóteles feitas diretamente do grego. Sua obra
principal, a Suma teológica, é a
mais fecunda síntese da escolástica. Embora continuasse a valorizar a fé como
instrumento de conhecimento, ele não desconsidera a importância do
“conhecimento natural”. Se a razão não pode conhecer, por exemplo, a essência
de Deus, pode, no entanto, demonstrar sua existência ou a criação divina do
mundo. Uma dessas provas é baseada na Metafisica
de Aristóteles, quando o movimento do mundo em ultima instancia é explicado por
Deus, causa incausada.
Além disso, tal como Aristóteles, para
explicar o conhecimento, Aquino reconhece a participação dos sentidos e do
intelecto: o conhecimento começa pelo contato com as coisas concretas, passa
pelos sentidos internos da fantasia ou imaginação até a apreensão de formas
abstratas.
No entanto, se a recuperação do
aristotelismo revelou-se recursos fecundo no tempo de Tomás de Aquino, no
Renascimento e na Idade Moderna a escolástica tornou-se entrave para a ciência.
Basta lembrar a crítica de Descartes e a luta de Galileu contra o saber
intransigente dos escolásticos, fiéis demais à astronomia e à física
aristotélicas e, portanto, avessos às novidades da ciência nascente.
Proclamado pela Igreja Católica como Doutor Angélico e Doutor por Excelência, Tomás de Aquino é reverenciado nos meios
católicos por filósofo e professor de filosofia.
Fonte:
Filosofando – Introdução à filosofia. Ed. Moderna
Fundamentos de Filosofia. Ed.
Saraiva
Este Titulo simbólico será capa de um livro da minha autobiografia.
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